sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O Ano de 2013 e as aulas eventuais

Bom, ainda estamos no final do mês de Novembro, mas a realidade é que na maioria das escolas, o ano começou a ficar "preguiçoso" logo no início deste mês. Já começaram as festividades finais, as despedidas e a maioria do pessoal já está em clima de férias.
Resolvi fazer esta postagem, para resumir como foi a minha experiência como professora eventual neste ano.
Posso dizer que aprendi diversas coisas, inclusive que as salas que sobram para quem vai aceitar a substituir como eventual por contrato CLT, são as mais "problemáticas".
Mas nem tudo é só problema. Pude me analisar como pessoa neste ano e cheguei a conclusão de que a gente vai inevitavelmente amadurecendo como pessoa, até mesmo na hora de se auto-analisar. Automaticamente esse amadurecimento influencia nas decisões e na postura profissional.
A grande verdade é que a prática não cansa de nos ensinar. Lidei com situações difíceis e tive que correr contra o tempo para me adaptar em salas em que "peguei o bonde andando".
Conheci pessoas bacanas, outras nem tanto. Conheci alunos dos quais eu jamais me esquecerei pelo resto da vida. Guardo as lembrancinhas, cartinhas, brinquedinhos que me deram com o maior carinho.
Alguns desses alunos me deram lições de vida e desconfio que havia um dedo de Deus nisso tudo.


A última sala pela qual passei neste ano, infelizmente não consegui realizar todos os planos que tinha para ela. Aceitei a dar aulas nessa escola que fica longe de minha casa, de repente, no susto. A sala de 1º ano tinha problemas anormais para um final de ano. A maioria das crianças ainda não sabiam ler e tinham dificuldades para se concentrar na aula. A estrutura da sala de aula era a mesma de um Jardim e as crianças não estavam amadurecidas para compreender que já estavam no Ensino Fundamental. Porém, mesmo com todos os problemas eles eram encantadores.

Fui bem recebida pelos funcionários, direção e gostei do ambiente. Porém não fiquei lá até o dia em que deveria porque infelizmente fiquei doente.
Comecei tendo febre e dores no pescoço, fui parar duas vezes no Pronto atendimento em minha cidade. Suspeitaram de dengue. Não era. Depois surgiram brotoejas em minha pele e que coçavam bastante.
Disseram que havia um surto de catapora na escola e desconfiamos também de escarlatina, mas o médico disse que era reação alérgica a um anti-inflamatório que outro médico receitou. Em resumo, até hoje estou sem saber o que eu tinha. Farei exame no sábado e quem sabe constate, embora eu esteja bem melhor agora.
Só sei que decidi quando estava doente a cancelar meu contrato, por se tratar de um final de ano e não queria ter que tirar licença médica e nem ter que ir trabalhar doente. Eu estava entre a cruz e a espada. E todos os planos que eu tinha para a sala apesar de ser um final de ano, ficaram apenas nos planos.


Bem, agora vou esperar pelo próximo ano, pelos concursos todos e por novas aventuras. Espero que 2014 seja um ano de novidades boas em relação à Educação!





domingo, 10 de novembro de 2013

A sala que me fez parar

Algumas salas a gente nunca irá esquecer, seja por bons motivos ou não... E esta sala da qual irei falar agora, não tinha bons motivos.

Me lembro de ter ido em uma atribuição, e a sala estava lá no papel, como se fosse um pote de ouro. Digo isso porque ficava em uma escola super estimada aqui em minha cidade, famosa por seus projetos e resultados. A escola não ficava perto de minha casa e eu já tinha ido substituir aulas em outras salas, havia gostado.
Demorei para me decidir, para a impaciência das supervisoras de ensino... Depois de tomar a decisão, eu aceitei. A substituição iria até o final do ano. Assinei que ficaria por lá até o fim. Eu passaria a ser a professora daquele 4º ano. Nesse ponto, eu já tinha substituído aulas em outras escolas e já havia passado por altos e baixos, mas ainda era ingênua demais para imaginar o que me esperava...

Logo no primeiro dia naquela sala eu já senti que seria um verdadeiro terror. Os alunos estavam completamente indisciplinados e apesar de estarem no 4º ano, subiam nas carteiras, falavam palavrões o tempo todo, se recusavam a fazer as lições. E naquela sala tinha muitos, muiiiiitos alunos. Alguns alunos não paravam em seus lugares e alguns poucos que estavam interessados na aula, logo perdiam o interesse, porque não conseguiam se concentrar naquele ambiente. Eu berrava e procurava chamar a atenção de todas as formas que podia, mas senti um nó no estômago. Em questão de segundos eu já sentia minha garganta doer.
Quando fui procurar o livro do professor no armário, descobri que os livros simplesmente não estavam lá, pois outro professor que tinha vindo substituir aulas, havia sumido com eles. E o armário estava uma verdadeira bagunça.
Conversei com a secretaria, com funcionários que procuraram me ajudar e de certa forma até me deixaram mais confiante. Tentei acreditar que era somente o primeiro dia...
Mas não foi. O dia seguinte foi ainda pior. Só consegui falar com a diretora naquele dia. Cheguei mais cedo na escola para encontrá-la lá. Esperava que ela me instruísse e me falasse um pouco a respeito da sala, mas ela me disse coisas como "por causa de professoras novinhas como você, que mal saíram da universidade, é que a sala está desse jeito"; "a turma não é ruim, os professores que passaram por aqui é que não são bons o suficiente". Confesso que fiquei atordoada com os comentários e de repente, passei a acreditar que a culpa era toda minha. A diretora fazia com que os alunos a temessem e tratava seus funcionários da mesma maneira.
Tentei adotar uma postura "militar" para com os alunos, mas nem mesmo isto, adiantou. Eu estava vivendo um inferno. A diretora dias depois, me questionou como estavam as coisas. Eu fui sincera. então ela me disse para assinar um papel de desistência naquele mesmo dia. Eu não tinha falado em desistir, mas por hora, pela pressão, achei que era a única alternativa. 
Foi assim que sumi daquela sala, sem nem ao menos me despedir dos alunos direito. Foi horrível.
Para piorar, eu não poderia mais dar aulas naquele ano, porque havia pedido exoneração do cargo obrigatoriamente, pois só assim iria me livrar daquela sala. 

O fato de familiares e amigos acharem que era exagero de minha parte, quando eu citava o grande estresse que aquela sala estava representando pra mim, só dificultava ainda mais as coisas. Em casa, meus pais acharam que eu não deveria ter desistido por exemplo. E isso tudo também fez com que eu mesma me culpasse ainda mais por tudo o que havia acontecido. Posso realmente afirmar que foi uma experiência traumatizante.

Fiquei nesse período parada, me questionando sobre ser ou não ser professora, achando que a culpa daquela sala estar como estava era unicamente minha. Me senti péssima por um bom tempo. Quase desisti no início da minha carreira docente. 

O bom foi que durante esse período de reflexão, voltei a fazer coisas que já não fazia, porque na verdade não tinha tempo quando estava na faculdade e no estágio. Durante esse período, voltei a ser eu mesma.
Com o tempo, fui chegando a conclusão que a culpa daquela sala estar como estava, não era minha. descobri que já haviam passado mais de dez professoras experientes por lá e que não quiseram ficar. Também descobri que a diretora não soube me dar o apoio pedagógico que eu necessitava e talvez ela não tenha dado nem mesmo para as outras professoras que já haviam passado por lá.
Resolvi me dar uma nova chance, afinal, estudei por anos e isso tudo não seria em vão...
Hoje, posso dizer que essa experiência e esse período parada me fez amadurecer bastante e ampliar o meu campo de visão....