sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Como o estágio e a educação infantil me ajudaram a superar a timidez

Quem me conhece sabe que nunca fui uma pessoa extrovertida. Pelo contrário, sou "na minha", caseira e sempre detestei ser o centro das atenções. Na adolescência, enquanto a maioria das amigas preferiam estar em uma balada, eu certamente estaria em casa, lendo qualquer coisa ou então, online na internet.

Porém, ser uma pessoa tímida pode atrapalhar em determinados momentos da vida. Para uma pessoa tímida, apresentar um trabalho de faculdade por exemplo, pode virar uma tortura! 

Enquanto eu estava no início das aulas na faculdade, os professores do curso sempre que podiam, exigiam trabalhos com exposição oral, justificando que um dia, teríamos que aprender a lidar com aquilo, afinal das contas, nos tornaríamos professores. E é claro que eu, tímida, ficava imaginando como iria enfrentar aquele nervosismo todo. Imagina então no trabalho de conclusão de curso?

Sinceramente não sei se foi destino ou sorte, mas antes de me tornar professora, fui estagiária na Diretoria de Ensino de minha cidade, para o Programa Acessa Escola do Estado de São Paulo. Meu trabalho era basicamente dar capacitações para estagiários de ensino médio que faziam parte do Programa. Tínhamos que ligar nas escolas, programar reuniões e fazer visitas. No início, lembro de ficar muito nervosa por ter que conversar no telefone com os diretores de escola e assim como eu, outros quatro estagiários passavam pela mesma situação. 
Mas tudo isso me ajudou muito a superar a timidez. Por ter que praticamente dar uma aula para os estagiários de ensino médio durante as capacitações, aos poucos fui perdendo o medo. 
Ter que viajar e conhecer cidades vizinhas por causa do Programa Acessa Escola, também me ajudaram muito. Passei a me comunicar melhor com as pessoas.
Guardo boas recordações deste tempo, dos amigos que fiz, também do meu primeiro "chefe" (o supervisor de ensino), que era um doce de pessoa.
Então, quando entrei pela primeira vez numa sala de aula, fiquei insegura por se tratar de uma novidade, mas superei com mais facilidade, pois não tive vergonha de tirar dúvidas.

Já o Ensino Infantil para quem é tímido assim como eu, também está mais do que recomendado. Depois de cantar musiquinhas infantis, fazer teatrinhos interpretando personagens, contar historinhas, é praticamente impossível não se soltar. Quando menos esperar, você estará usando máscaras,  de rosto pintado, dançando e cantando (geralmente fazendo a voz do personagem),  "pagando mico" junto com as crianças. E elas adoram, vale muito a pena, tanto para elas, quanto para a gente!

Com o tempo, a gente vai aprendendo a lidar melhor com essas situações, mesmo que você, assim como eu, não se torne a pessoa mais extrovertida do mundo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Falando sobre o ensino integral na educação infantil...

Algumas pessoas (principalmente os políticos), adoram enfatizar tamanha a importância do ensino integral. Sim, porque uma vez que as crianças e adolescentes estão na escola, não estarão na rua fazendo coisas indevidas. E essa lógica, me faz sentido quando estamos falando de crianças acima de dez anos ou jovens.
Porém, aqui onde moro, pouquíssimas são as escolas de ensino integral para crianças acima de dez anos de idade (e as poucas geralmente são mantidas pelo Estado). Então abriram os chamados CEC (Centro de Educação Complementar), onde essas crianças e jovens fazem trabalhos manuais, brincam, dançam, aprendem a cuidar de hortas e entre tantas outras atividades após o período das aulas na escola. Eu acho esse projeto bem legal, lembrando que um CEC também recebe crianças menores de dez anos de idade.

Mas pretendo falar aqui das escolas que são mantidas pela prefeitura e que são de ensino integral. Essas, estão mais voltadas para a educação infantil e chamamos de creches ou pré-escolas. Então, as mães e pais que trabalham fora, matriculam seus filhos nessas creches/ pré-escolas. As creches atendem bebês e crianças. Bebês abaixo de três anos, ficam com as auxiliares de educação todo o tempo. Crianças acima de três anos, ficam um turno (que pode ser da manhã ou da tarde e vice-versa), com as auxiliares de educação, trocando com a professora posteriormente.

Mas será que a educação integral é assim tão boa para essas crianças?

No ano passado, fiquei com uma turma de 2ª etapa que ficava o turno todo da manhã com as auxiliares da educação, enquanto que no período da tarde tinham aula comigo (meus alunos eram ainda mais prejudicados por causa do horário). Quando eu chegava a tarde, as crianças já estavam cansadas de ficarem lá e tinham acabado de acordar da"hora do soninho". Então posso afirmar que a aula não era muito produtiva. As crianças ficavam mais agitadas que o habitual e eu sabia que muitas das crianças matriculadas em período integral, não tinham uma real necessidade de estarem ali, pois muitas mães não estavam trabalhando.
Comparando o "aproveitamento" dessa turma de ensino integral, com as outras salas de Jardim em ensino parcial, eram notáveis as diferenças. E digo isso, porque conversando com outros professores que já estiveram com uma sala de ensino integral, disseram ter a mesma opinião quanto ao aproveitamento.

Além disso tudo, muitos alunos reclamavam, falando que queriam ficar em casa, ou que estavam com saudade de seus pais e muitas vezes ficavam indispostos para realizar as atividades.
Sabemos que a criança da educação infantil PRECISA se sentir amada por sua família, mais do que por qualquer auxiliar ou professor. Amor da família é algo que não dá para substituir. E amor é cuidar, é dar atenção, é ficar junto, é brincar e até mesmo dar broncas quando necessário, principalmente na infância. E os pais que matriculam seus filhos no ensino integral têm esse tempo todo para ficar com as crianças? Muito provavelmente, as crianças de ensino integral, quando voltam para casa, dormem cedo.
Não estou julgando quem não tem outro meio a não ser colocar sua criança na creche. Existem casos isolados e mesmo nesses casos isolados, a criança que fica em tempo integral na creche, ao meu ver , raramente irá atingir o mesmo aproveitamento de uma que fica em tempo parcial.
O problema maior, é quando muita gente acaba por vendar os olhos e fica achando justificativas falsas para deixar a criança o dia inteiro na creche/ pré-escola. É o caso da mãe ou pai que não trabalha fora e diz que a criança irá aprender mais ficando quase dia inteirinho por lá. Justificar, dizendo que seu filho adora ir na creche, quando o mesmo diz o contrário, também não é uma boa alternativa. Pior ainda é quem pense que na educação infantil nada se aprende, então tanto irá fazer a criança ficar lá o dia inteiro, pois "não irá aprender nada mesmo"...
Criança também cansa porque aprender cansa. Se o adulto que estiver lendo isso discordar, procure se lembrar de quando era criança e estava afim de brincar em vez de aprender o Alfabeto.

Geralmente, crianças que crescem e se desenvolvem longe de sua família, se tornam adultos indiferentes. Eu tinha pena dos bebês que ficavam quase o dia todo na creche. Certa vez, em uma das creches pela qual passei, uma auxiliar me contou sobre uma mãe que ficou muito chateada quando a primeira palavra que seu bebê aprendeu a falar foi "tia" em vez de "mamãe"...

Sem querer bancar a moralista, será que colocar uma criança no ensino integral é realmente se preocupar com seu bem-estar, com a qualidade de ensino e aprendizagem?




terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Será que tenho o dom para ensinar?


Resolvi fazer essa postagem, porque uma das leitoras do blog me contatou no Facebook e declarou estar insegura para lecionar, pois acredita não ter o dom.

Porém que atire a primeira pedra, o professor que NUNCA se questionou sobre esse assunto, ou que ao menos nunca ficou inseguro quanto à didática utilizada, se estava tendo uma boa metodologia ou estava no caminho certo para atingir os objetivos. Se algum professor muito presunçoso responder que sempre teve o controle dessa situação, aí sim ao meu ver, deve estar na profissão errada, porque meus caros amigos, reflexão é algo que deve fazer parte da rotina de um profissional tão importante como o professor. Avaliar é refletir nossas práticas.

Isto me lembra uma experiência recente em que no planejamento de uma turma de Jardim da 2ª etapa, eu precisei montar uns jogos lúdicos  que auxiliariam as crianças a aprenderem a contar até 30 termo a termo. Havia um dia da semana específico em que eu TINHA que dar aquele jogo (a palavra em caixa alta está destacada porque foi uma obrigação exigida pelo Departamento Pedagógico da minha cidade, ou seja, não tinha como escapar dessa embora eu não "botasse muita fé"). Gastei dinheiro, construí um joguinho (muito legal, por sinal), que se chama "Ponto de ônibus", também conhecido como "Carona"( aqui neste link você entende as regras do jogo: http://educacaoinfantilummundoadescobrir.blogspot.com.br/2011/06/jogos-matematicos.html).
Quando terminei e levei o maiooooor tempo para confeccionar o joguinho, confesso que fiquei entusiasmada e até achei que ficou bonitinho. Fiz 6 tabuleiros individuais, plastifiquei, desenhei, pintei, confeccionei 6 dados e encapei umas várias caixinhas de fósforo para depois plastificar. Em resumo posso afirmar que deu trabalho para confeccionar no recesso escolar.
Porém, quando na aula, já preparada, fui trabalhar o jogo com as crianças pela primeira vez, foi um pesadelo. As crianças detestaram o jogo, não entenderam muito bem as regras e um dos alunos estragou um dado, além de espalhar as peças do jogo no chão. Estavam super agitados. Eu pensei: "Poxa, não acredito que perdi um tempão fazendo esse jogo no meu recesso, com o maior carinho e tive que vivenciar isso..."
Naquele momento, fiquei tão abalada que tive vontade de sair correndo, mas ao invés disso, procurei conversar com os alunos e compartilhar a minha dor com eles. Disse que eu havia feito com carinho e que eles estavam sendo ingratos (aproveitei para explicar o que era ingratidão), e que o jogo era uma forma de aprenderem. Então, uma das crianças sempre muito sincera, me disse que o jogo era chato. Assim, encerrei a atividade do jogo, mas percebi que haviam falhas na minha didática e posteriormente quando procurei trabalhar o mesmo jogo com as crianças, fiz algumas alterações e elas aceitaram melhor. Precisei primeiro jogar com um dos alunos na roda para que os demais observassem, depois tive que combinar com eles que não era necessário gritar e não era permitido brigar, era preciso esperar a vez de cada um e que todos deveriam ter cuidado com as peças. Em seguida fui de mesa em mesa com a maior paciência, explicar para os alunos que ainda não haviam compreendido. É óbvio que nem todas as crianças passaram a amar o jogo, seria hipocrisia minha falar isso aqui, pois como já disse antes, alunos tem suas individualidades e ninguém é obrigado a gostar de nada neste mundo. A questão é que foi preciso refletir sobre como seria a melhor forma de trabalhar o joguinho com eles e admitir que falhei. Muitas vezes, as crianças são ótimos professores para adultos perdidos. Antes de trabalhar o joguinho, confesso que nem eu mesma estava acreditando que era possível ou de que eu seria capaz de fazê-los compreender e já previa que a primeira atitude deles, seria exatamente como foi, aquele pesadelo todo. Porééééém, fui obrigada a tentar. Hoje me pergunto o que teria acontecido se eu não tivesse tentado, pois aquele joguinho auxiliou muitos alunos aprenderem a contar termo a termo.

Não sou a dona da verdade e inclusive, criei este blog com objetivo de compartilhar minhas experiências pessoais na área. Então se quiserem discordar, fiquem à vontade. Mas se tem algo que me pareceu muito óbvio desde quando comecei na área, é que não podemos quanto profissionais, parar de nos questionarmos se estamos ou não fazendo a coisa certa.
É lógico que não existem receitas de "bolo", pois cada sala é uma sala e tem suas peculiaridades e inclusive, cada professor é um professor. Uma atividade que deu muito certo na minha sala do Jardim, pode ser um fracasso na sala do Jardim da professora Bruna. O que deu certo para um, nem sempre dará para outro. Cabe aqui mais uma vez mencionar que se quisermos saber se algo, seja lá o que for, vai dar certo, precisamos experimentar. 

Não vai ter jeito. algumas vezes precisaremos arriscar nesta vida e enfrentar nossos medos e inseguranças (um baita de um clichê, eu sei). Só que para isso são necessárias as reflexões. Então, para a leitora que contatou, só posso dizer que afaste o medo e vá estagiar. Se você não gostar, bola pra frente. O importante é que foi e tentou. Pode ser que você goste e descubra que tem o "dom para ensinar". Você tem algo a perder indo ou tem algo a ganhar? Se só tem a ganhar, deixe o medo de lado de suas reflexões (medo só atrapalha nessa hora) e arrisque.

Eu tenho a plena noção de que não sou a melhor professora deste mundo, longe disso. Porém também sei que posso ao menos tentar dar o meu melhor, refletir as minhas práticas, ir atrás quando tiver dúvidas e estar sempre aberta para aprender com professores experientes. Aliás, sempre iremos ter algo o que aprender com quem quer que seja... Então eu chego a conclusão de que todas as pessoas tem algo para nos ensinar e todas elas possuem esse dom.

É claaaaaaro que aquele friozinho na barriga inicial irá acompanhar os professores para sempre. Turma nova? Não conhece os alunos? Nunca deu aula para essa faixa etária? Enfrente seus medos. Creio que até professores de longa data, nessas situações ficam com o friozinho na barriga, quando ainda não conhecem a turma. 
Eu pedi remoção recentemente para uma escola perto de minha casa, porém já comecei com a ansiedade típica e não há dúvidas de que o friozinho na barriga irá me acompanhar no primeiro dia de aula. Não conheço os alunos, nem os funcionários, nem os pais dos alunos. Mas eu estarei lá. Se vai ser bom ou não, só saberei indo.



Vida de substituições

Como já disse na postagem anterior, depois de ser eventual, assumi um cargo como substituta, onde fiquei por mais de seis meses. A vida de substituta não muda muita coisa da vida como eventual. A diferença é que pelo menos aqui na minha cidade, eventuais eram contratados enquanto que para ser substituta, precisei fazer um concurso público específico para o cargo. Eventuais contratados geralmente eram mandados embora ao final do contrato.
Bom, assim como na minha vida de eventual, era muito triste quando eu assumia uma sala em que a professora titular estava de licença e depois de algum tempo com as crianças eu era obrigada a sair porque a professora havia voltado. Eu ficava muito chateada mas fazia parte do meu serviço como substituta. Apesar de aceitar isso, não posso dizer que os pais dos alunos ou que os próprios alunos aceitassem isso com tamanha facilidade. Com algumas salas cheguei a ficar por mais de três meses. Conheço colegas que ficaram por quase um ano!
E era sempre a mesma coisa: depois de ficar um bom tempo com determinada sala, ter o maior trabalho para me adaptar ao cronograma, ao organograma, aos alunos (incluam aqui os indisciplinados que eu até passava a gostar por aprender a lidar), após criar vínculo com os funcionários da escola, de me acostumar com toda a rotina, aplicar avaliações, corrigi-las, fazer vários planejamentos de aula e ficar horas pensando em qual a melhor forma para passar determinados conteúdos para a turma, sempre chegava o momento em que eu deveria partir. Nem preciso confessar que isso era desestimulante. Às vezes, eu ficava muito apegada aos alunos (e para a minha pessoa isso será inevitável sempre, mas a vida de substituição também me ajudou a lidar com isso, ao menos um pouco melhor), e após muitas cartinhas, abraços, lá estava eu, indo para outra atribuição para substituir em outra escola... 
Algumas pessoas dizem que professores eventuais/ substitutos, não tem tanta responsabilidade pois a sala não é deles. Porém, concordo em partes. É mesmo verdade que eventual/ substituto não é dono da sala. Mas quando leva o assunto a sério,e ficam por um tempo considerável com a sala, eu diria que fazem um trabalho muito mais complicado. Entendam que não estou aqui falando daqueles substitutos que passam horas apenas conversando com os alunos para "matar o tempo" tipo o filme "Professora sem classe". Estou falando de profissionais que se comprometem com o que estão fazendo. Digo que é mais difícil porque imagine só como é pegar uma sala "com o bonde andando" e simplesmente cair ali de paraquedas. O professor substituto, tem que absorver muitas informações em pouco tempo, principalmente se for novato. E vai ter que correr ainda mais atrás, se o diretor da escola não orientá-lo ou simplesmente orientá-lo superficialmente. Então não é fácil. As coisas ficam literalmente rodando na cabeça de um professor substituto que saiu de uma sala do Maternal e foi parar num 4º ano do Fundamental, por exemplo.
Mas também há sempre o lado bom em ser eventual ou substituto. Vou listar aqui, algumas vantagens:

1- Você adquire muita experiência, pois não fica "acomodado" como alguns professores que passam anos lecionando com alunos da mesma faixa etária e que nunca se arriscaram com outras turmas. Nada melhor do que adquirir experiência. 

2- Costumo dizer que você só sabe se gosta ou não de uma coisa ou se ela dará certo, se você a fizer e experimentar. Então, depois de ser eventual e frequentar várias escolas e conhecer várias faixas etárias, poderá  decidir com qual faixa etária se sentiu mais a vontade para trabalhar. Alguns professores juram que o Ensino Infantil é melhor do que o Fundamental, mas há quem prefira trabalhar com EJA por exemplo.

3- Ao trabalhar em várias escolas, você poderá ter noções sobre como são bem sucedidas as escolas em que os diretores fazem boa gestão. Então, se o diretor não te recebeu bem, esqueça de indicar a escola dele para a remoção futuramente.

4- Se tiver sorte, você fará boas amizades, tanto entre alunos, como pais, professores e funcionários.

5- Soa contraditório, mas você aprende a controlar ao menos um pouquinho esse costume de ficar apegado às pessoas (isso pode ser mais difícil para pessoas como eu que no final sempre se apegam kkkkkk, mas agora passei a superar isso mais rápido, pois a vida continua).







Depois de anos...

Quem já é professor, sabe como é. Depois que a gente começa, quase não sobra tempo para nada. Você pensa em escola, desde a hora que acorda, até a hora de se deitar. Se você ainda não é um professor, quando se tornar, vai lembrar dessas palavras. Você toma café da manhã com escola, café da tarde com escola, almoça escola, janta escola, dorme escola e acorda escola kkkkkkkk... Se você for mãe, as coisas tendem ainda ser "mais escola", pois seus filhos estudarão em uma e se você for uma mãe dedicada, irá se interessar pela vida escolar de seu filho.
Mas chega desse blábláblá todo. Eu ainda não sou mãe, mas sou uma dessas professoras que vive ansiosa e acredito que isso seja um mal da profissão. Tudo isso foi apenas para justificar minha ausência de ambos os blogs.
Para quem não sabe, eu já não sou mais uma professora eventual. Primeiro fui eventual, em seguida fui substituta (que é quase a mesma coisa rsrs...), para finalmente ter minha própria sala.
Como andei muito ocupada nesse tempo todo com o universo escolar, quase não tive tempo para "blogar". Mas como sei que as pessoas acessam e como me restam alguns dias de férias, resolvi atualizar.
Minha ausência já foi justificada, então vamos para as próximas postagens... =)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O Ano de 2013 e as aulas eventuais

Bom, ainda estamos no final do mês de Novembro, mas a realidade é que na maioria das escolas, o ano começou a ficar "preguiçoso" logo no início deste mês. Já começaram as festividades finais, as despedidas e a maioria do pessoal já está em clima de férias.
Resolvi fazer esta postagem, para resumir como foi a minha experiência como professora eventual neste ano.
Posso dizer que aprendi diversas coisas, inclusive que as salas que sobram para quem vai aceitar a substituir como eventual por contrato CLT, são as mais "problemáticas".
Mas nem tudo é só problema. Pude me analisar como pessoa neste ano e cheguei a conclusão de que a gente vai inevitavelmente amadurecendo como pessoa, até mesmo na hora de se auto-analisar. Automaticamente esse amadurecimento influencia nas decisões e na postura profissional.
A grande verdade é que a prática não cansa de nos ensinar. Lidei com situações difíceis e tive que correr contra o tempo para me adaptar em salas em que "peguei o bonde andando".
Conheci pessoas bacanas, outras nem tanto. Conheci alunos dos quais eu jamais me esquecerei pelo resto da vida. Guardo as lembrancinhas, cartinhas, brinquedinhos que me deram com o maior carinho.
Alguns desses alunos me deram lições de vida e desconfio que havia um dedo de Deus nisso tudo.


A última sala pela qual passei neste ano, infelizmente não consegui realizar todos os planos que tinha para ela. Aceitei a dar aulas nessa escola que fica longe de minha casa, de repente, no susto. A sala de 1º ano tinha problemas anormais para um final de ano. A maioria das crianças ainda não sabiam ler e tinham dificuldades para se concentrar na aula. A estrutura da sala de aula era a mesma de um Jardim e as crianças não estavam amadurecidas para compreender que já estavam no Ensino Fundamental. Porém, mesmo com todos os problemas eles eram encantadores.

Fui bem recebida pelos funcionários, direção e gostei do ambiente. Porém não fiquei lá até o dia em que deveria porque infelizmente fiquei doente.
Comecei tendo febre e dores no pescoço, fui parar duas vezes no Pronto atendimento em minha cidade. Suspeitaram de dengue. Não era. Depois surgiram brotoejas em minha pele e que coçavam bastante.
Disseram que havia um surto de catapora na escola e desconfiamos também de escarlatina, mas o médico disse que era reação alérgica a um anti-inflamatório que outro médico receitou. Em resumo, até hoje estou sem saber o que eu tinha. Farei exame no sábado e quem sabe constate, embora eu esteja bem melhor agora.
Só sei que decidi quando estava doente a cancelar meu contrato, por se tratar de um final de ano e não queria ter que tirar licença médica e nem ter que ir trabalhar doente. Eu estava entre a cruz e a espada. E todos os planos que eu tinha para a sala apesar de ser um final de ano, ficaram apenas nos planos.


Bem, agora vou esperar pelo próximo ano, pelos concursos todos e por novas aventuras. Espero que 2014 seja um ano de novidades boas em relação à Educação!





domingo, 10 de novembro de 2013

A sala que me fez parar

Algumas salas a gente nunca irá esquecer, seja por bons motivos ou não... E esta sala da qual irei falar agora, não tinha bons motivos.

Me lembro de ter ido em uma atribuição, e a sala estava lá no papel, como se fosse um pote de ouro. Digo isso porque ficava em uma escola super estimada aqui em minha cidade, famosa por seus projetos e resultados. A escola não ficava perto de minha casa e eu já tinha ido substituir aulas em outras salas, havia gostado.
Demorei para me decidir, para a impaciência das supervisoras de ensino... Depois de tomar a decisão, eu aceitei. A substituição iria até o final do ano. Assinei que ficaria por lá até o fim. Eu passaria a ser a professora daquele 4º ano. Nesse ponto, eu já tinha substituído aulas em outras escolas e já havia passado por altos e baixos, mas ainda era ingênua demais para imaginar o que me esperava...

Logo no primeiro dia naquela sala eu já senti que seria um verdadeiro terror. Os alunos estavam completamente indisciplinados e apesar de estarem no 4º ano, subiam nas carteiras, falavam palavrões o tempo todo, se recusavam a fazer as lições. E naquela sala tinha muitos, muiiiiitos alunos. Alguns alunos não paravam em seus lugares e alguns poucos que estavam interessados na aula, logo perdiam o interesse, porque não conseguiam se concentrar naquele ambiente. Eu berrava e procurava chamar a atenção de todas as formas que podia, mas senti um nó no estômago. Em questão de segundos eu já sentia minha garganta doer.
Quando fui procurar o livro do professor no armário, descobri que os livros simplesmente não estavam lá, pois outro professor que tinha vindo substituir aulas, havia sumido com eles. E o armário estava uma verdadeira bagunça.
Conversei com a secretaria, com funcionários que procuraram me ajudar e de certa forma até me deixaram mais confiante. Tentei acreditar que era somente o primeiro dia...
Mas não foi. O dia seguinte foi ainda pior. Só consegui falar com a diretora naquele dia. Cheguei mais cedo na escola para encontrá-la lá. Esperava que ela me instruísse e me falasse um pouco a respeito da sala, mas ela me disse coisas como "por causa de professoras novinhas como você, que mal saíram da universidade, é que a sala está desse jeito"; "a turma não é ruim, os professores que passaram por aqui é que não são bons o suficiente". Confesso que fiquei atordoada com os comentários e de repente, passei a acreditar que a culpa era toda minha. A diretora fazia com que os alunos a temessem e tratava seus funcionários da mesma maneira.
Tentei adotar uma postura "militar" para com os alunos, mas nem mesmo isto, adiantou. Eu estava vivendo um inferno. A diretora dias depois, me questionou como estavam as coisas. Eu fui sincera. então ela me disse para assinar um papel de desistência naquele mesmo dia. Eu não tinha falado em desistir, mas por hora, pela pressão, achei que era a única alternativa. 
Foi assim que sumi daquela sala, sem nem ao menos me despedir dos alunos direito. Foi horrível.
Para piorar, eu não poderia mais dar aulas naquele ano, porque havia pedido exoneração do cargo obrigatoriamente, pois só assim iria me livrar daquela sala. 

O fato de familiares e amigos acharem que era exagero de minha parte, quando eu citava o grande estresse que aquela sala estava representando pra mim, só dificultava ainda mais as coisas. Em casa, meus pais acharam que eu não deveria ter desistido por exemplo. E isso tudo também fez com que eu mesma me culpasse ainda mais por tudo o que havia acontecido. Posso realmente afirmar que foi uma experiência traumatizante.

Fiquei nesse período parada, me questionando sobre ser ou não ser professora, achando que a culpa daquela sala estar como estava era unicamente minha. Me senti péssima por um bom tempo. Quase desisti no início da minha carreira docente. 

O bom foi que durante esse período de reflexão, voltei a fazer coisas que já não fazia, porque na verdade não tinha tempo quando estava na faculdade e no estágio. Durante esse período, voltei a ser eu mesma.
Com o tempo, fui chegando a conclusão que a culpa daquela sala estar como estava, não era minha. descobri que já haviam passado mais de dez professoras experientes por lá e que não quiseram ficar. Também descobri que a diretora não soube me dar o apoio pedagógico que eu necessitava e talvez ela não tenha dado nem mesmo para as outras professoras que já haviam passado por lá.
Resolvi me dar uma nova chance, afinal, estudei por anos e isso tudo não seria em vão...
Hoje, posso dizer que essa experiência e esse período parada me fez amadurecer bastante e ampliar o meu campo de visão....