quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Falando sobre o ensino integral na educação infantil...

Algumas pessoas (principalmente os políticos), adoram enfatizar tamanha a importância do ensino integral. Sim, porque uma vez que as crianças e adolescentes estão na escola, não estarão na rua fazendo coisas indevidas. E essa lógica, me faz sentido quando estamos falando de crianças acima de dez anos ou jovens.
Porém, aqui onde moro, pouquíssimas são as escolas de ensino integral para crianças acima de dez anos de idade (e as poucas geralmente são mantidas pelo Estado). Então abriram os chamados CEC (Centro de Educação Complementar), onde essas crianças e jovens fazem trabalhos manuais, brincam, dançam, aprendem a cuidar de hortas e entre tantas outras atividades após o período das aulas na escola. Eu acho esse projeto bem legal, lembrando que um CEC também recebe crianças menores de dez anos de idade.

Mas pretendo falar aqui das escolas que são mantidas pela prefeitura e que são de ensino integral. Essas, estão mais voltadas para a educação infantil e chamamos de creches ou pré-escolas. Então, as mães e pais que trabalham fora, matriculam seus filhos nessas creches/ pré-escolas. As creches atendem bebês e crianças. Bebês abaixo de três anos, ficam com as auxiliares de educação todo o tempo. Crianças acima de três anos, ficam um turno (que pode ser da manhã ou da tarde e vice-versa), com as auxiliares de educação, trocando com a professora posteriormente.

Mas será que a educação integral é assim tão boa para essas crianças?

No ano passado, fiquei com uma turma de 2ª etapa que ficava o turno todo da manhã com as auxiliares da educação, enquanto que no período da tarde tinham aula comigo (meus alunos eram ainda mais prejudicados por causa do horário). Quando eu chegava a tarde, as crianças já estavam cansadas de ficarem lá e tinham acabado de acordar da"hora do soninho". Então posso afirmar que a aula não era muito produtiva. As crianças ficavam mais agitadas que o habitual e eu sabia que muitas das crianças matriculadas em período integral, não tinham uma real necessidade de estarem ali, pois muitas mães não estavam trabalhando.
Comparando o "aproveitamento" dessa turma de ensino integral, com as outras salas de Jardim em ensino parcial, eram notáveis as diferenças. E digo isso, porque conversando com outros professores que já estiveram com uma sala de ensino integral, disseram ter a mesma opinião quanto ao aproveitamento.

Além disso tudo, muitos alunos reclamavam, falando que queriam ficar em casa, ou que estavam com saudade de seus pais e muitas vezes ficavam indispostos para realizar as atividades.
Sabemos que a criança da educação infantil PRECISA se sentir amada por sua família, mais do que por qualquer auxiliar ou professor. Amor da família é algo que não dá para substituir. E amor é cuidar, é dar atenção, é ficar junto, é brincar e até mesmo dar broncas quando necessário, principalmente na infância. E os pais que matriculam seus filhos no ensino integral têm esse tempo todo para ficar com as crianças? Muito provavelmente, as crianças de ensino integral, quando voltam para casa, dormem cedo.
Não estou julgando quem não tem outro meio a não ser colocar sua criança na creche. Existem casos isolados e mesmo nesses casos isolados, a criança que fica em tempo integral na creche, ao meu ver , raramente irá atingir o mesmo aproveitamento de uma que fica em tempo parcial.
O problema maior, é quando muita gente acaba por vendar os olhos e fica achando justificativas falsas para deixar a criança o dia inteiro na creche/ pré-escola. É o caso da mãe ou pai que não trabalha fora e diz que a criança irá aprender mais ficando quase dia inteirinho por lá. Justificar, dizendo que seu filho adora ir na creche, quando o mesmo diz o contrário, também não é uma boa alternativa. Pior ainda é quem pense que na educação infantil nada se aprende, então tanto irá fazer a criança ficar lá o dia inteiro, pois "não irá aprender nada mesmo"...
Criança também cansa porque aprender cansa. Se o adulto que estiver lendo isso discordar, procure se lembrar de quando era criança e estava afim de brincar em vez de aprender o Alfabeto.

Geralmente, crianças que crescem e se desenvolvem longe de sua família, se tornam adultos indiferentes. Eu tinha pena dos bebês que ficavam quase o dia todo na creche. Certa vez, em uma das creches pela qual passei, uma auxiliar me contou sobre uma mãe que ficou muito chateada quando a primeira palavra que seu bebê aprendeu a falar foi "tia" em vez de "mamãe"...

Sem querer bancar a moralista, será que colocar uma criança no ensino integral é realmente se preocupar com seu bem-estar, com a qualidade de ensino e aprendizagem?




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